A ‘Casa da Cadeia’ de Elvas (1518). Grada 136. A fronteira

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A ‘Casa da Cadeia’ de Elvas (1518). Grada 136. A fronteira
Foto: Cedida

Francisco Bilou

À entrada do século XVI, Elvas torna-se uma importante cidade de fronteira. Em 1498 aí pernoita D. Manuel, inteirando-se decerto dos melhoramentos a fazer. E logo a partir de 1504 se documentam obras importantes nos muros da povoação, facto coincidente com a revalorização do estatuto do seu alcaide-mor, Rui de Melo. Por isso, sem surpresa, o rei lhe outorga ‘foral novo’, em 1512, e logo no ano seguinte a prerrogativa de ‘cidade’.

Em 1516 Martim Lourenço, o mestre da Ponte da Ajuda, da igreja de São Francisco e dos Paços Reais de Évora, vai a Elvas traçar a obra da nova igreja de Santa Maria dos Açougues, futura Sé. Deve ser deste operoso mestre pedreiro a primeira fase construtiva, retomada posteriormente pelos mestres João Mendes e Jorge de Alvito, este último identificado como “pedreiro e empreiteiro das obras dos muros de Elvas e Olivença” (1522).

Face à insuficiência do Poço de Alcalá no abastecimento de água à cidade é possível que por esse tempo já se equacione uma alternativa viável, ainda que bastante onerosa e de difícil execução técnica, a condução à cidade da água da fonte da Amoreira. Tardaria, no entanto, esse colossal projeto. Ainda em 1558 o Aqueduto, que Francisco de Arruda faz numa única campanha entre 1539 a 1542, fica a uma distância de “dois tiros de besta” dos muros de Elvas. Na verdade, só em 1622 a água da Fonte da Amoreira corre pela primeira vez no interior da cidade.

No contexto da afirmação urbana de Elvas durante o reinado do ‘Venturoso’, sabemos agora que em 1518 este rei disponibiliza dinheiro para fazer, ou reformar, a “casa da cadeia”. Com efeito, em 1540, e não 1530 como por lapso está identificado o documento na Torre do Tombo, D. João III acerta contas com Simão Lopes de uns dinheiros do tempo do pai deste, explicando o seguinte: “… que do Rendimento (do dinheiro das casas de Lisboa) deste ano presente de (1540) des a symam lopez filho de tome lopez trymta mil trezentos e trymta e sete réis que lhe mando dar em parte dos sesemta e cimquo mil trezentos e trynta e sete réis que se montaram nos guanhos dos dozemtos mil réis seus que estauam no cofre do dinheiro dos orfãos desta cidade de lixboa semdo ele orfaão e el Rey meu senhor e padre que samta gloria aja os mandou emprestar a çidade de eluas pera se fazer a casa da cadea e lhe foram entregues aos tres dias de fevereiro do ano de (1518).” (ANTT, Corpo Cronológico, Parte II, mç. 164, nº 23).

É muito possível que esta ‘casa da cadeia’ se situe já na Torre Nova, também dita ‘da Cadeia’, que o próprio D. João III manda reformar em 1545. O certo é que, passados que são cinco séculos sobre esta obra manuelina ainda hoje a Rua da Cadeia continua a ser um dos arruamentos mais emblemáticos de Elvas. De resto, na torre quatrocentista existe um pequeno núcleo museológico onde se guarda a memória da evolução histórica das fortificações desta bela cidade alentejana.

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A ‘Casa da Cadeia’ de Elvas (1518). Grada 136. A fronteira
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À entrada do século XVI, Elvas torna-se uma importante cidade de fronteira. Em 1498 aí pernoita D. Manuel, inteirando-se decerto dos melhoramentos a fazer.
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