A obra do mestre-pedreiro Martim Lourenço: entre Évora, Elvas e Olivença. Grada 94. A fronteira

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Francisco Bilou

Mantido pela historiografia à margem dos grandes mestres manuelinos, em particular dos irmãos Arruda, só recentemente novos dados documentais vieram revelar o desconhecido protagonismo de Martim Lourenço no contexto da arquitectura portuguesa do reinado de D. Manuel. E tudo isto não obstante se saber desde Viterbo da relação de Martim Lourenço com a obra de São Francisco de Évora, de que lhe adveio, aliás, o honroso cargo de “mestre das nossas obras de pedraria que em nossa cidade de Évora e paços dela fizerem” (1513), facto já de si bastante para o resgatar de um secundaríssimo papel na hierarquia dos melhores mestres-pedreiros do reinado do ‘Venturoso’. Certo é que, até há escasso tempo, pouco ou nenhum protagonismo se lhe reconhecia no quadro das obras realengas edificadas no Alentejo nas duas primeiras décadas do século XVI.

Hoje, porém, sabemos com mais certeza que Martim Lourenço fez muita obra entre Évora, Elvas e Olivença. Cedo o encontramos em Santa Maria do Espinheiro e por mais de uma vez (1477, 1483). Dele talvez seja a cisterna joanina desse mesmo mosteiro do aro eborense, estrutura hidráulica que repete mais tarde nos paços régios de Évora no contexto da ampliação do corpo manuelino (1513-16), de que tem a respetiva direção como mestre. Da sua responsabilidade foi, ainda, o ‘corpo do mosteiro’ de São Francisco de Évora, sagrado no dia 4 de Outubro de 1507, notável pela sua monumentalidade e inovação estrutural. Foi, aliás, como ‘engenheiro de estruturas’, mais do que como ‘arquiteto’, que ele dirigiu a obra da Ponte de Ajuda sobre o rio Guadiana. A provar a sua alta capacidade técnica lá ficou bem expressa a monumentalidade da arcaria desta ponte de 19 arcos, sustentando um tabuleiro de 389 metros de extensão. O arco central da ponte ultrapassa os 27 metros de vão, proeza só igualada pela engenharia romana (por exemplo na ponte de Alcântara, que bem pode ter servido de modelo a Martim Lourenço) e nas melhores obras europeias do seu tempo.

Sabemos também agora e justamente na qualidade de ‘mestre da ponte’ que Martim Lourenço se deslocou a Elvas a mando de D. Manuel, em 1516, para estudar a obra da igreja de Santa Maria da Praça (antiga sé). Por isso, deve ser dele o ‘risco’ e a respectiva empreitada, pois não se vê como Francisco de Arruda focado em Lisboa na construção da Torre de Belém, só terminada por 1520, possa ter sido seu mestre (em 1517) como quer alguma infundada tradição historiográfica.

E se Martim Lourenço conduziu a obra de Elvas, levando a sua equipa que com ele havia fechado nesse ano a ampliação do Paço Real de Évora, também não se deve colocar de parte a sua participação no lançamento na empreitada da Madalena de Olivença, tida como obra afim de Santa Maria de Elvas. Note-se, porém, que nada disto invalida a presença dos irmãos Arruda em ambas as obras, sobretudo após a morte de Martim Lourenço, ocorrida nos primeiros dias de 1525, pois bem se sabe como foi longo o processo construtivo destas duas igrejas e os cargos que ambos desempenharam na supervisão das obras de pedraria na comarca do Alentejo.

Enfim, feitas as contas à obra documentada do mestre eborense e aquela que se lhe pode atribuir sem grande reserva, bem se vê como na sombra dos grandes mestres manuelinos e em particular dos irmãos Arruda emerge nas grandes realizações da arquitectura portuguesa (e extremeña) a figura de Martim Lourenço. É este o dado novo que vários historiadores (alentejanos e oliventinos) se aprestaram a levar ao Congresso internacional ‘500 Anos da Torre de Belém (Sphera Mundi – Arte e Cultura no Tempo dos Descobrimentos)’, que teve lugar em Lisboa no Centro Cultural de Belém, nos passados dias 13 a 15 de outubro.

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