Francisco Bilou
Nesta celebração do centésimo número da revista Grada apraz-nos registar a dimensão sociocultural deste projeto, a sua diversidade e qualidade temática e, naturalmente, saudar os seus mais diretos intervenientes.
Revisitando a memória desta crónica que subescrevemos na rúbrica ‘A Fronteira’, de resto o único espaço de língua portuguesa, vejo com alguma surpresa que já passaram cinco anos e que neste espaço de tempo foram produzidos mais de meia centena de textos, sessenta e dois para ser mais preciso. Recordo que o primeiro deles, publicado em janeiro de 2011, tinha o título de ‘caminhos comuns’ e nele se explicava os nossos propósitos editorais: criar “um novo espaço em língua portuguesa que procurará dar a conhecer episódios históricos das relações culturais luso-espanholas. Tais relações, tantas vezes filhas da diplomacia e da política externa das duas coroas peninsulares, são o melhor exemplo da proximidade cultural que sempre existiu entre os dois povos, apesar do seu grau de intermitência ao longo do tempo. No entanto, revisitadas hoje à luz das excelentes relações transfronteiriças, julgo oportuno evocar esses episódios históricos com dois objectivos precisos: contribuir para a diversidade de temas que possam interessar os leitores da revista e dar-lhes a conhecer um património cultural comum, visível e visitável em vários lugares do Alentejo”.
Olhando para os textos entretanto publicados bem podemos dizer que este objetivo foi plenamente conseguido, pois sempre presidio à redação dos temas a preocupação da divulgação do conhecimento histórico implicado nas relações culturais luso-espanholas. Muitos dos temas trouxeram novidades pois emanaram de leituras documentais mais ou menos inéditas; outros comtemplaram análises a obras de investigação entretanto publicadas em Espanha diretamente relacionadas com factos históricos transfronteiriços; outros ainda de promoção cultural de valores ibéricos comuns; não raro notícias de cidadãos espanhóis que se destacaram na cultura portuguesa ao longo dos séculos.
É certo que pouco ou nada sabemos como é ‘lido’ pelo público desta revista este contributo, receando que o não seja amplamente por ser escrito numa língua estrangeira. Todavia, não temos dúvida de que aos mais atentos e interessados nestas questões não escapará alguma informação histórica recolhida deste lado da fronteira. Independentemente desta avaliação que, em boa verdade, só os leitores a podem fazer, uma palavra final importa registar: o enorme privilégio de o poder fazer nesta revista que ganha estatuto e importância no quadro das relações culturais entre os dois países, afinal, feitas, com maior ou menor dificuldade, num ‘caminho comum’.
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