Notícia dos Aquedutos de Mérida no manuscrito de Inácio Barbosa Machado (1745). Grada 110. A Fronteira

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Francisco Bilou

(…) Mas não forão estas notaveis obras e sumptuosissimas fabricas as mayores que admirou o mundo em Merida por beneficio de tão generoso Soberano, e de tão illustres habitadores, porque a tudo excederão os seus Aqueductos. Seja o primeiro o que na distancia de huma legoa da mesma Cidade na parte septentrional no sitio hoje chamado o valle ‘de Mari Piris’ começão com tal magestade, que na opinião de alguns Authores foi a mayor cousa que vio Espanha. Tinha debaixo da terra, Cento e quarenta Arcas, a que os antiguos chamão Castello, donde se recolhião as agoas em tanta copia, que a sua corrente parecia hum rio. A mina, ou transito era tão largo, e de tanta elevação, que por ella andava hum homem de ordinaria estatura. Quando chegava o Aqueducto ao monte, que chamão ‘Cabo de Boi’ se encaminhava sobre altissimos arcos, que descançavão sobre pillares de huama tão sólida argamassa, que sobrepuchava á dureza dos penhascos, sendo tudo fabricado com tanta arte, que parecia milagre do engenho, e do poder Romano, com que por obra tão custosa introduzia abundantissima copia de agoa em muytas fontes da cidade. Este magnifico, e portentoso Aqueducto se conservara illeso das injurias do tempo, ainda na presente idade, se o não demolirão a barbaridade dos Godos, e a furia dos Sarracenos, que invejando a formosura de huma tal Cidade, de quem dice o Mouro Rassis estas palavras transcriptas por hum celebre Historiador: E digo-vos, que não há homem no mundo, que completamente possa contar as maravilhas de Merida.

(…) Para as Naumachias, e Circo Maximo fabricarão outro Aqueducto. Nascia esta maquina do sitio chamado ‘Borbolhão’ e conduzia as correntes pelas terras da Vrenha, e servindo aos banhos, que introduzio o luxo Romano, se confundia com as agoas do Guadiana. Outro houve grande, e principal q’entrava na Cidade pela parte em que hoje chamão a porta da Villa, por donde se conserva ainda em nosso tempo, correndo pela rua a que a devoção deo o nome de S. Eulalia insigne filha de Merida, gloriosa Martir, e Padroeira da mesma Cidade.

Porem o mais sumptuoso, e magnifico Aqueducto desta Capital da Lusitania, foi sem duvida o que lhe introduzia as agoas da grande Lagoa de ‘Albuhera’ nome, que tem conservado até a presente idade. Esta Lagoa de summa extenção, era como hum geral receptaculo das agoas do inverno, e das que descião das montanhas vesinhas; e como a soberba Romana avaliase por desdouro da sua grandeza o servirse dellas fora da Cidade para os engenhos, e moinhos, que davão pão aos moradores, se animou o seu poder a fabricar huma tal obra, que foi chamada os milagres, por ser tão excelente no conceito dos antiguos, que tiverão por semelhante às sete maravilhas do mundo. Nascia pois este admiravel Aqueducto da mesma Lagoa; e como discorria pelos valles, que atravessão o rio ‘Albarregas’ para emendar o summo declivio das terras, levarão as agoas por arcos de tal grandeza, e altura, q’ excedia a sua elevação a Cento e setenta palmos, compondose a sua materia de cantaria, e ladrilho conglutinado com hum genero de argamaça, que fazia a todo o edificio mais forte, que se fosse dos mais rijos marmores. Os Artifices de tão insigne obra, sem duvida, lembrandose de que os seus naturaes levarão as agoas dos seus Aqueductos aos lugares mais eminentes de Roma, os quizerão senão exceder, imitar, introduzindo as deste famoso de Merida na parte mais alta da mesma Cidade, no sitio hoje santificado com devoto nome de Calvario, e delle se difundia a todos os moinhos, que havia no recinto de tão nobre povoação. Ainda hoje se descobrem no mesmo lugar algumas ruinas da grande arca, ou reserva, que houve naquelle monte para distribuição destas agoas, que depois souberão aproveitar e conservar os moradores, e Ministros de hua’ tão illustre, antigua, e benemerita Cidade, que deo em seus filhos tanta gloria a Christo, como victorias ao Estado.

Machado, Inácio Barbosa. ‘Descripção Topographico Architectonica do famoso, e magnifico Aqueducto’ (…), III Parte, Fundação Biblioteca Nacional (Rio de Janeiro, Brasil), 1745. fls. 43v- 45v.

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