De los Portugueses… Grada 133. A fronteira

Léelo en solo 2 minutos !!
De los Portugueses... Grada 133. A fronteira

Francisco Bilou

Na Biblioteca Nacional de Espanha, entre os ‘Papeles históricos referentes a Portugal y España’ dos séculos XVI e XVII, manuscrito com a cota Mss/9394, existe um curioso ‘Sermón sobre la batalla de Aljubarrota, de fray Francisco de Valdeolivenza’. Trata-se de um sermão típico da época, em forma de diálogo entre um ‘predicador’ (pregador) e um ‘oyente’ (ouvinte) que reflete a antiga rivalidade hispano-portuguesa, expressa em forma de conto, dito, ‘anécdocta’ e ‘chascarrillo’, por forma a ridicularizar, neste caso os portugueses e os seus defeitos (cobardes, vaidosos, bobos, sujos e misóginos) e, em antítese, evidenciar as virtudes castelhanas. O interesse particular deste sermão é, desde logo, situar-nos no ambiente social português de meados do século XVI, no qual se referem figuras e locais que nos são familiares. É o caso do Infante D. Luís. Dele se conta o seguinte (texto que traduzimos para português atualizado): “… como aconteceu a um historiador francês que querendo informar-se das coisas deste reino perguntou a um português se o Infante D. Luís era sábio e o português lhe respondeu: mais que Salomão. Replicou o francês: e diz-me, tem destreza nas armas? O português disse: em armas falais ainda e muito mais que Heitor o Troiano, senão perguntai aos Mouros da Berberia se os de Castela tomaram a Goleta se não fosse o Infante. Perguntou o francês: é também formoso de rosto? O português: quanto de formoso, merda para o Narciso!…”.

Dos 78 contos, ditos e anedotas, respigamos esta, vertida ao português corrente: “Também aconteceu a um português cortesão um caso desastrado e foi que convidando-o um castelhano a comer e ao princípio lhe trouxeram um pouco de caldo que em cima vinha algo temperado e em baixo muito quente, e como o português por estar em jejum trazia as tripas vazias e cheias de ventosidade deu um grande sorvo no caldo e como estava muito quente queimou-se por dentro e juntamente atirou um grande pedo e como se viu afrontado por estarem ali pessoas honradas virou-se para trás e disse: fugis, fugis que roto faça Deus que os que cá ficam todos queimados ainda que parte por devoção parte por necessidade ajuda muito…”.

Eis, pois, aqui um exemplo da velha rivalidade entre povos, afinal a mesma que em Espanha e Portugal se tem entre as diferentes comunidade e regiões dos dois países. Os alentejanos que o digam…

Aos amigos espanhóis que gostam do tema aqui fica uma sugestão de leitura sobre o assunto: Hernández Valcárcel, María del Carmen. ‘El cuento español en los siglos de oro. I. Siglo XVI’. Universidad de Murcia, 2002.

¿quieres saber más?

Summary
De los Portugueses... Grada 133. A fronteira
Article Name
De los Portugueses... Grada 133. A fronteira
Description
Na Biblioteca Nacional de Espanha, entre os 'Papeles históricos referentes a Portugal y España' dos séculos XVI e XVII, manuscrito com a cota Mss/9394, existe um curioso ‘Sermón sobre la batalla de Aljubarrota, de fray Francisco de Valdeolivenza’
Author