O Divino Luís de Morales em Évora. Grada 129. A fronteira

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O Divino Luís de Morales em Évora. Grada 129. A fronteira

Francisco Bilou

Nascido em 1510 ou 1511, o pintor Luís de Morales manteve importante oficina em Badajoz de 1539 até c. de 1586. Artista muito estimado no seu tempo, trabalhou para a mais alta clientela castelhana e portuguesa, de que são bom exemplo os Duques de Bragança e o bispo de Valência e de Badajoz, San Juan de Ribera. Conhecido pelos quadros de pequeno formato de temário mariano e cristológico, pintados “de muy cerca”, recebeu ainda em vida o epíteto de El Divino. Nome maior do maneirismo peninsular, seguiu caminho próprio a partir de modelos italianos. Por isso não se estranha que Luís de Morales também tivesse deixado em Portugal, particularmente na zona fronteiriça, seguidores “moralescos”, como é o caso bem conhecido do eborense Francisco João. A sua popularidade artística, medida pelo alto domínio técnico das suaves velaturas, rigoroso desenho preparatório e absoluto domínio da luz, foi consonante à intensa espiritualidade contrarreformista de larga ventura durante décadas. Com efeito, do lado de cá da fronteira, as conhecidas tabuinhas com a Virgem e o Menino e as Piedades reproduziram-se em abundância no culto doméstico e conventual por artistas da última geração maneirista, casos, além do citado Francisco João, dos pintores Diogo Teixeira, Simão Rodrigues e Fernão Gomes, este também de origem estremenha (Albuquerque).

Da obra produzida no Alentejo destacam-se, logo em 1547, um Calvário para a igreja de Santa Catarina de Sena, em Évora e, um pouco mais tarde (1565), cinco tábuas retabulares para o mosteiro de São Domingos da mesma cidade e um ‘Ecce Homo’ que ornou a sacristia deste cenóbio; cerca de 1565, algumas pinturas de Morales integravam o acervo pictórico de D. Teodósio I no Paço de Vila Viçosa; entre 1576 e 1579, o pintor produzirá na sua oficina de Badajoz seis painéis para o antigo retábulo da Sé de Elvas; E já em torno a 1585, executará de parceria com, possivelmente, Francisco Flores, 5 tábuas para o altar de Nossa Senhora do Carmo na Sé de Portalegre.

Luís de Morales, sabemo-lo do contrato assinado em Badajoz a 6 de outubro de 1564, obrigou-se por 212 ducados castelhanos a pintar para a capela-mor de São Domingos de Évora uma tábula central do “nascjmjento de cristo” (Natividade) e quatro colaterais: do lado do Evangelho, S. Pedro e S. João Evangelista; do lado da Epístola, S. Paulo e S. João Baptista. Esta obra foi pintada em Évora entre março e junho de 1565, pois no contrato se refere que o próprio “luis de morales a de yr a la dicha çiudad de evora a pintar a la dicha obra al dicho monesteiro adonde el prior e frayles del le an de dar aposento para el e dos hijos suyos e vn criado en el dicho convento e de comer al dicho luis de morales e sus hijos e criado e su cavallo”: Rodríguez-Moñino, António – ‘El Divino Morales en Portugal’ (1565 y 1576). Separata do Boletim dos Museus Nacionais de Arte Antiga, Vol. III, Lisboa 1944 p. 15).

A acreditar nos prazos de execução é bem possível que esta obra de Morales tivesse sido solenemente apresentada a 6 de agosto desse ano (dia consagrado à Transfiguração, orago da igreja), ou, dois dias depois, por ocasião da festa do padroeiro São Domingos.

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O Divino Luís de Morales em Évora. Grada 129. A fronteira
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O Divino Luís de Morales em Évora. Grada 129. A fronteira
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Nascido em 1510 ou 1511, o pintor Luís de Morales manteve importante oficina em Badajoz de 1539 até c. de 1586. Artista muito estimado no seu tempo, trabalhou para a mais alta clientela castelhana e portuguesa, de que são bom exemplo os Duques de Bragança e o bispo de Valência e de Badajoz, San Juan de Ribera
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