Juramento às Cortes de Tomar do Duque de Bragança (1581). Grada 125. A fronteira

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Francisco Bilou

Ensombradas pelo intrépido pretendente ao trono português D. António (1531-1595), ajudado pelos seus “ocultos amigos” e outra gente “naçida en el odio Inmortal (…) al Noble castelhano”, as Cortes de Tomar convocadas para jurar o rei Filipe I de Portugal (II de Espanha), começaram com inusitada solenidade no dia 16 de abril de 1581.

Segundo relatam os cronistas espanhóis sobre este “auto tão solene”, levantou-se no Convento de Cristo (dito Palácio), no primeiro pátio, à mão esquerda de quem entra, um palco ou tablado “sobre doze gradas en quadro y en el lugar de el mas preeminente tendido y puesto un dossel de Brocado acompanhado por los lados de una Rica tapiceria de La Guerra de Tunez que era de la Infanta Dona Maria”. Acrescia à decoração ao nível do chão “Ricas alcatifas y alombras dellas lauradas en la yndia de oro, plata, y seda”, e debaixo do dossel, “sobre tres gradas estaua una sella cubierta de um pano sitial de Brocado todo ello muy curiosamente ordenado”.

Assim tudo ordenado e tardando a chegar à cerimónia o Duque de Bragança, dizem as crónicas espanholas que o rei Filipe passou quase duas horas numa janela secreta de uma das “atalaias ou torres” mirando a chegada dos portugueses. Esta inesperada demora daquele que era o primeiro nobre de Portugal foi relatada com a seguinte justificação, assaz plausível: “que agora [o Duque], o por usar de sus vanas grandezas accostumbradas y resentirse de no haverle su Magestad mandado assentar el dia antes que le fue a bejar las manos, agora por ocupar el tiempo que para componerse no le podia hauer faltado tardaua mucho en venir”.

Pelas quatro horas da tarde, e depois de mandar chamar Sua Majestade por duas vezes o Duque de Bragança, D. João I, e seu filho D. Teodósio (Duque de Barcelos), estes acabariam por chegar na companhia dos fidalgos de sua casa, amigos e parentes, todos “muy bie atauiados y galanamente vestidos”.

Depois das habituais “reverências e acatamentos” protocolares e das práticas do Bispo de Leiria (sobre o que “muito importava ao serviço de Sua Majestade a paz, quietude e sossego à República de Portugal”), e de Damião de Aguiar, Desembargador do Paço e “grande inimigo de Don Antonio”, os presentes receberam juramento desta forma: “sua Majestade levantou-se e ficou de joelhos diante da cruz pondo as mãos sobre ela, com a gorra tirada, jurando nos termos em que têm por lei, uso e costume os reis de jurar em semelhantes autos”. Sem surpresa, o primeiro a jurar foi o Duque de Bragança passando todo o tempo do juramento ajoelhado com o estoque sobre o ombro esquerdo, “y despues de hauer jurado y prometido todo aquello que Miguel de Mora escrivano de la puridade les leya, que estaua en la parte ysquierda del Tablado himcado de Rodillas sobre uma almohada, fue a Bejar la mano de su Magestad que le hecho los braços inclinandose un poco de su asiento lo mismo hijo al Duque de Barçelos su hijo”.

A cerimónia terminaria com todos dizendo por duas vezes “com grave y moderada voz: Real, Real, por el Rey don Phelipe nuestro Senhor”.

Bibliothèque nationale de France. Département des manuscrits. Portugais 66, fl. 31-33v.

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Juramento às Cortes de Tomar do Duque de Bragança (1581). Grada 125. A fronteira
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Juramento às Cortes de Tomar do Duque de Bragança (1581). Grada 125. A fronteira
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Ensombradas pelo intrépido pretendente ao trono português D. António (1531-1595), ajudado pelos seus “ocultos amigos” e outra gente “naçida en el odio Inmortal (...) al Noble castelhano”, as Cortes de Tomar convocadas para jurar o rei Filipe I de Portugal (II de Espanha), começaram com inusitada solenidade no dia 16 de abril de 1581.
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