António de Holanda em Évora. Grada 105. A fronteira

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Francisco Bilou

António de Holanda, neerlandês como o próprio nome denuncia, foi o mais estimado iluminador em Portugal durante a primeira metade do século XVI. Sublinha-o na qualidade artística a obra que deixou, engrandece-o no estatuto social o cargo de ‘Passavante’ (1521), ‘Rei de Armas’ (1534) e ‘Escrivão da Nobreza’ (1536). E se o estatuto artístico o fez próximo da família real e da mais alta nobreza, os cargos honoríficos trouxeram-me um vínculo cortesão que o obrigou a um permanente acompanhamento da itinerância régia. É justamente por esse facto que devemos situar as suas duas estadias mais prolongadas em Évora entre os anos de 1519 a 1521 e 1532 a 1537.

Porém, entre estas duas presenças na capital alentejana, e segundo revela Francisco de Holanda, seu filho, aliás, sempre pródigo na adjectivação dos méritos artísticos paternos, António de Holanda deslocou-se a Toledo para aí desenhar ‘de visu’ a Carlos V e a Isabel de Portugal, casal de quem recebeu em vida “muitos favores”. E a ser inteiramente verídica esta memória, talvez se possa situar esta ida a Toledo ou na sequência do faustoso casamento da imperatriz (1526), ou, com mais verosimilhança, em 1529, para retratar já o príncipe Filipe (futuro rei Filipe I) ao colo da mãe. Em bom rigor, não se estranharia o facto de António de Holanda integrar o séquito de Dona Isabel de Portugal, sobretudo se nos lembrarmos que o próprio Francisco de Holanda recorda que o desenho serve para “mostras a que o tempo e estado obriga os Reis e Príncipes” como seja “invenções e fermosura de armas”, “festas e arcos triunfais”, de resto tal como com ele próprio fará anos mais tarde ao serviço do Príncipe D. João, pai de D. Sebastião, aquando do seu casamento com Dona Joana, filha de Carlos V (1552).

Estando em Évora entre os anos de 1532 a 1537, António de Holanda estabeleceu-se com oficina própria na paróquia de Santo Antão, onde era freguês assíduo, e talvez com porta aberta na ‘Praça’ (de Giraldo). Durante este período de tempo aqui lhe nasceram dois filhos de um segundo casamento com Antónia Rodrigues (talvez natural de Évora, acaso irmã de Jorge Rodrigues escrivão da câmara e com relações próximas a Holanda): Jorge, a 16 de Abril de 1536, e Violante, a 1 de Agosto de 1537 (ADE, Paróquia de Santo Antão, Liv. 1, cx. 1 ?s. 37 e 76v). Destes meios-irmãos nascidos vinte anos depois de Francisco de Holanda, nada se sabe, talvez falecidos ainda novos, ao contrário de João Homem de Holanda, Miguel de Holanda e Catarina de Holanda, irmãos do célebre tratadista e aparentemente mais próximos da sua idade. Ainda em Évora, António de Holanda apadrinha, em Julho de 1536, uma menina de nome Clara, filha de Jorge Dias, alfaiate, e Isabel Jorge (Ibid. id., fl. 39vº), acaso irmão de Manuel Dias, o alfaiate de Garcia de Resende.

Ao labor desta oficina onde trabalharam vários iluminadores de primeiro plano se deve a iluminação da ‘Genealogia do D. Manuel Pereira’ (1534), de livros para o Convento de Cristo de Tomar e para os conventos eborenses de Nossa Senhora do Paraíso e São Bento de Cástris. Segundo se julga, desta “companhia” artística sediada em Évora faziam parte, além do próprio Francisco de Holanda, os iluminadores António Fernandes, João Menelau e talvez o monge beneditino Jan Ruysch, mestre originário de Utrecht, que trabalhou em Roma na livraria de Júlio II no terceiro andar das ‘Loggie’, conhecido pelas suas naturezas-mortas de frutos e legumes, muito apreciadas na época pela mestria de execução. A comprovar a actividade artística de Holanda em Évora veja-se a despesa registada no convento de Cristo de Tomar, em 1534: “mais pagou o dito Recebedor (…) a Antonio d’Olanda trinta e hum mil e oytocentos lxxb (75) reaes em parte do pago dos livros que ylumjna o qual dinheiro pagou pello dito Recebedor em euora Jorge Rodrigues sprivam da camara de que lhe mandou conhecimento do dito Antonio d’Olanda que foy feito a xiiij d’Abril da dita era”. Ou uma outra feita em Janeiro de 1537 pela iluminação de um saltério, o mesmo que “huma besta que trouxe d’euora (…) de casa de Antonio d’olanda” (ANTT, Ordem de Cristo e Convento de Tomar, Liv. 23, s. n.). Este saltério terá sido a última grande encomenda produzida inteiramente em Évora, mas não o último trabalho feito por Holanda para Tomar, pois ainda em 1539 pagava “mais o dito Recebedor a Antonio d’Olanda por Miguel d’Olanda seu filho trinta mil reaes (…) de liuros que yluminou” (Ibid., id.).

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