Fisiologia do Exercício. O que (não) entendem os estudantes das Ciências do Desporto sobre o corpo humano?
Se pedirmos a um grupo de estudantes de Ciências do Desporto para explicar o que é a Fisiologia do Exercício, será que conseguem articular uma resposta clara? Foi exatamente esse desafio que lhes foi colocado numa atividade pedagógica pouco convencional: em vez de responderem em palavras, os alunos tiveram de desenhar a sua ideia de Fisiologia do Exercício. Os resultados foram tão variados quanto reveladores. A partir desses desenhos (alguns esquemáticos, outros criativos), podemos inferir muito sobre a perceção (ou a falta dela) que estes futuros profissionais têm do funcionamento do corpo humano.
Neste artigo, analisamos de forma reflexiva e crítica o que esses desenhos revelam, porque é que a fisiologia do exercício é uma disciplina fulcral na formação em Desporto, que falhas podem existir na ligação entre a teoria e a prática, e por que motivo urge promover uma literacia corporal mais aprofundada e transversal à sociedade. Por fim, sugerimos caminhos pedagógicos para aproximar os alunos de uma compreensão mais integrada do corpo em movimento.
O que revelam os desenhos dos alunos? Os desenhos realizados pelos alunos diante da pergunta “O que é para ti a fisiologia do exercício?” funcionam como pequenas janelas para as suas mentes. Entre os desenhos recolhidos, observam-se três grandes padrões:
- Interpretações simplistas e simbólicas
- Representações isoladas de órgãos ou sistemas
- Tentativas mais integradas e bem fundamentadas
Num dos desenhos, destaca-se a representação de um corpo humano com pulmões, coração e músculos desenhados no interior, acompanhados de setas que indicam (eventualmente) suor, respiração e atividade. Esta imagem, embora rudimentar, revela uma tentativa de integrar vários sistemas numa só visão: a fisiologia como interação de vários processos durante o exercício.
Em contraste, outros desenhos são mais limitados. Um deles apresenta apenas um halter e uma silhueta de braço com músculo proeminente. O foco aqui está na força e na musculação, com ausência de qualquer outro sistema corporal.
Noutro, encontramos um coração desenhado com linhas a indicar movimento, como se a fisiologia fosse apenas o sistema cardiovascular em ação. Embora estes elementos estejam corretos, a falta de conexão com outros sistemas sugere uma compreensão fragmentada do corpo.
Num dos exemplos mais confusos, um aluno desenhou uma figura com uma perna musculada e outra extremamente fina, talvez querendo ilustrar um “antes e depois” do treino, mas sem contextualização fisiológica clara. Não há órgãos, não há sistemas representados, apenas a ideia de transformação visual. Outros alunos optaram por figuras em movimento (corredores, jogadores de futebol) mas sem indicação de processos internos, reforçando a ideia de que, para muitos, fisiologia é confundida com a própria prática desportiva.
Esta diversidade de representações mostra-nos que os alunos trazem ideias válidas, mas muitas vezes isoladas e/ou pouco aprofundadas. Poucos desenharam elementos como o sistema nervoso ou hormonal, e nenhum fez referência a processos bioquímicos ou à interação entre sistemas. É neste vazio que se justifica o papel da pedagogia: ajudar a transformar perceções soltas numa visão integrada e cientificamente fundamentada do corpo em movimento.
Estes desenhos, mais do que ilustrações soltas, funcionam como espelhos da aprendizagem. Revelam não só o que os alunos compreendem, mas também o que ainda não conseguiram articular. Como ferramenta diagnóstica, mostram-se extremamente eficazes: permitem ao professor ajustar estratégias, reforçar a integração entre conteúdos e aproximar o ensino da realidade dos alunos.
Ao integrarmos estas expressões visuais num discurso pedagógico mais abrangente, abrimos caminho para um ensino mais centrado no aluno, mais ligado à experiência real e mais atento à forma como se constrói o conhecimento. Afinal, ensinar fisiologia é também ensinar a ver o corpo com outros olhos: como um sistema vivo, dinâmico e profundamente interligado.

El festival también incluye un amplio programa de actividades paralelas durante el mes de noviembre, como el programa ‘Cine y escuela’ en el Centro Cultural Alcazaba, con proyecciones para escolares; el taller práctico ‘Diseñar para la cámara’, impartido por el director de arte Damián Galán Álvarez, los días 8 y 9 en la Sala Trajano; un concierto el 16 de la Banda de Música de Mérida en el Centro Cultural Alcazaba; o la exposición de los 20 carteles oficiales del festival del 17 al 30 de noviembre en el mismo espacio.