Buscar

A igreja de Valverde de Burguillos (Badajoz) e rei D. Manuel I de Portugal. Grada 141. Francisco Bilou

A igreja de Valverde de Burguillos (Badajoz) e rei D. Manuel I de Portugal. Grada 141. A fronteira
Foto: Cedida
Léeme en 2 minutos

Deve-se a João Mendes de Vasconcelos (?-1541), fidalgo da Casa Real, embaixador do rei D. Manuel I na corte espanhola, entre os anos de 1505 e 1520, e herdeiro do morgado do Esporão a construção da única capela privada da Sé de Évora (1529-30) para panteão familiar, estrutura que marca o primeiro momento da arquitetura de matriz renascentista na capital alentejana, ainda que por via do ‘plateresco’ espanhol.

A 23 de julho de 1512, estando por embaixador em ‘Castela’, João Mendes de Vasconcelos escreve ao rei D. Manuel I, desde Burgos, a dar conta de vários assuntos pendentes, à cabeça dos quais “a provysão que el rey mandou dar sobre a igreja que se faz em valverde”.

Se dúvidas houvesse sobre qual igreja que então se edificava e em qual localidade espanhola, João Mendes de Vasconcelos esclarece de imediato: “que a va ver o corejedor de badalhouçe e lhe (e)screva o que se faz”, parecendo então ao diplomata “que sera bem que mande V(ossa) A(lteza) outra pessoa com o corregedor e que me tragão logo o que se faz com o parecer do corejedor” (ANTT, Corpo Cronológico, Parte I, mç. 11, n.º 115).

Vale a pena recordar aos menos familiarizados com a história medieval portuguesa que a grafia ‘badalhouce’ é a mais comum para designar Badajoz. Facto que deixa poucas dúvidas geográficas sobre qual a povoação nomeada no documento, precisamente Valverde de Barguillos, ou ‘Valverde junto a Badajoz’ com, singelamente, alguns documentos do século XVI nomeiam esta mesma localidade. E, como está bem de ver, a igreja que então se fazia (ou talvez se reformava) em julho de 1512 só podia ser a de ‘Nuestra Señora de Antigua’, de resto, culto mariano que o rei português muito estimava como prova a “lâmpada” de “grande preço” que deu à capela de ‘Nuestra Señora de la Antigua de Sevilla’, em 1519, obra de ourivesaria de mestre Gil Vicente (como já nesta revista demos a devida notícia).

Sem qualquer informação histórica sobre o monumento em apreço por via das fontes espanholas, resta-nos uma apreciação ‘à distância’, esperando que este tema ganhe doravante uma atenção maior por parte dos historiadores extremenhos, sobretudos os oliventinos, dada a proximidade cultural e geográfica.

De facto, seja pela proximidade ao território português, seja pela intervenção de D. Manuel (ou talvez por ambas as circunstâncias), é notória uma expressão ‘manuelina’, sobretudo ao nível da capela-mor da matriz de Valverde de Burguillos, onde sobressai a sua mole torreada, de planta quadrangular e coroada por merlões chanfrados típicos desses primeiros anos do século XVI português.

É, sem dúvida, um caso para melhor estudar, até pelas questões históricas e artísticas que levanta.

ENTRADAS RELACIONADAS

Anuncia Maján Díaz. Directora de la revista Grada Me gusta la música, y me gusta en este caso parafrasear al...
María Guardiola Martín. Presidenta de la Junta de Extremadura Publicación tras publicación, Grada se ha convertido en mucho más que...
Blanca Martín Delgado. Presidenta de la Asamblea de Extremadura Hay cifras cuyo valor simbólico superan la mera notación del dato....
Miguel Ángel Gallardo Miranda. Presidente de la Diputación de Badajoz Cuando una publicación alcanza los 200 números es porque ha...
Miguel Ángel Morales Sánchez. Presidente de la Diputación de Cáceres El 18 se nos presenta como mayoría de edad, pero...
Manuel J. González Andrade. Presidente de la Federación de Municipios y Provincias de Extremadura Dieciocho años es sinónimo de mayoría...

LO MÁS LEÍDO