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Francisco de Holanda. Nascimento de um artista humanista, em Évora. Francisco Bilou

Francisco de Holanda. Nascimento de um artista humanista, em Évora. Francisco Bilou
Foto: Cedida
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Está patente ao público no Museu Nacional Frei Manuel do Cenáculo, em Évora, até 31 de março de 2020, a exposição que homenageia uma das maiores figuras do Renascimento português e, em particular, a sua relação com a cidade de Évora entre os anos de 1534-37 e 1544-45. Fazem parte do suporte documental desta exposição obras de pintura, iluminura, livros e documentos coevos, provenientes de museus, bibliotecas e arquivos nacionais, numa escolha comissariada por Sylvie Deswarte-Rosa, a grande especialista mundial no estudo de Francisco de Holanda (1518-1584).

Vivendo em Évora os decisivos anos da sua formação (1534-1537) com seu pai, o iluminador António de Holanda, e certamente já integrado no círculo humanista cortesão onde pontuava, entre outros, André de Resende, Francisco de Holanda viajou para Itália em 1538 na companhia do embaixador D. Pedro de Mascarenhas. Durante a sua estadia italiana de dois anos e meio, Holanda acabou por conhecer e privar com o insigne pintor Miguel Ângelo, que à época ultimava o grande painel a fresco da Capela Sistina representando o Juízo Final (1535-1541).

O jovem artista português foi então introduzido no meio artístico e humanista de Roma, particularmente no de Vittoria Colonna em San Silvestro al Quirinale, cenáculo que Miguel Ângelo já há muito frequentava, facto que acabaria por inspirar Holanda a compor os famosos Diálogos de Roma no seu tratado Da Pintura Antigua.

Ainda em Itália, Francisco de Holanda visitou Veneza, em 1539, onde recebeu das mãos do famoso arquiteto bolonhês Sebastiano Serlio o livro IV da Regole di architettura, que acabara de ser impresso naquela cidade, obra que trouxe para Portugal logo no ano seguinte.

Por morte do Cardeal Infante D. Afonso, Bispo de Évora, de quem fora moço de câmara, Holanda foi acolhido na Casa Real como escudeiro fidalgo após 1540, a que lhe acresceu uma pensão do Infante D. Luís, irmão do rei e condestável do reino.

No verão de 1540, Francisco de Holanda começou a compor o tratado Da Pintura Antigua, obra que concluiu em 1548 e onde pela primeira vez na Europa se teorizava sobre a Ideia no processo criativo, conceito neoplatónico que antecipou, quase meio século, os teóricos de Arte italianos. No ano seguinte acrescentou-lhe o diálogo Do Tirar Polo Natural, tido igualmente como o primeiro tratado europeu sobre o Retrato.

Vinda a corte para Évora em maio de 1544, Francisco de Holanda aqui permaneceu até ao final de 1545. Precisamente em agosto deste ano, estando ao serviço da Casa Real e talvez implicado na formação (também artística) do príncipe herdeiro D. João (1537-1554), começou a obra De Aetatibus Mundi Imagines (Imagens da Criação do Mundo), exemplar hoje em Madrid, à guarda da Biblioteca Nacional de Espanha.

Tudo boas razões para não deixar de visitar esta excecional exposição temática e, já agora, conhecer melhor o próprio Museu Nacional Frei Manuel do Cenáculo, que conserva um acervo artístico único, bem ilustrativo, de resto, da idade áurea Évora, então cidade de corte e a segunda mais importante do país.

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