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O retábulo da capela de Santo Aleixo. Montemor-o-Novo. Grada 143. Francisco Bilou

O retábulo da capela de Santo Aleixo. Montemor-o-Novo. Grada 143. Francisco Bilou
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A desertificação do interior alentejano das últimas décadas tem condenado os pequenos lugares de culto, muitos deles centros paroquiais com alguma expressão populacional ainda em meados do século passado. Um dos casos mais sensíveis, também por se tratar de um roubo artístico, é o da capela rural de Santo Aleixo no concelho de Montemor-o-Novo. Pese embora o estado atual de ruína, felizmente ficou-nos um registo fotográfico a cores publicado por Túlio Espanca, personalidade incontornável no estudo e salvaguarda do património artístico alentejano. Através deste documento é possível testemunhar a alta qualidade pictórica destes frescos, datados de 1531, cuja expressão (já) italiana é não só um caso de precocidade estética como de uma absoluta surpresa geográfica, dado tratar-se de uma capela rural localizada em lugar ermo. Infelizmente também nada se sabe da obra pelas fontes documentais, tanto coevas como posteriores. A única informação indireta que atesta que a obra já existia em 1531 é a visitação feita à capela curada de Santo Aleixo feita a 20 de outubro de 1534, que aqui se verte o essencial da informação ao português atual:

“Santo Aleixo Capela Curada // Visitação da capela curada de santo Aleixo, termo da vila de Montemor (o Novo) // Aos vinte dias de outubro de (1534) visitou Manuel Dordio clérigo de missa, beneficiado em Santa Maria dos Açougues da vila de Montemor (o Novo) a capela curada de Santo Aleixo sufragânea a Santa Maria do Bispo da dita vila sua matriz por mandado do muito honrado Luis Álvares de Proença, capelão e escrivão da camara do cardeal nosso senhor, visitador por especial mandado e comissão de sua Alteza em este bispado de Évora este presente ano que lho cometeu por virtude de sua provisão e sinal de comissão que para ele o tinha de sua Alteza a qual visitou em presença do cura da dita capela e parte dos fregueses dela e a achou bem servida no espiritual e quanto ao temporal mandou o seguinte:

Primeiramente mandou aos fregueses da dita capela que ponham nela um frontal forrado de mocassim com sua franja do teor da vestimenta que tem. E se concertarão muito bem o tabuleiro do altar com todo o que lhe for necessário, o que todo assim cumprirão até (à) Pascoa primeira que vem sob pena de 2.000 réis.

Mandou a Pero da Costa que mande muito bem concertar e lá deixar uma cova que tem na dita capela até por todo o mês de novembro sob pena de excomunhão e de 1.000 réis” (Biblioteca Púbica de Évora, Cod. CXXIII /1-1, fls. 36-36v).

O painel principal do retábulo representa o casamento forçado de Santo Aleixo com Sabina, tema raro na iconografia do santo, quer em Portugal quer em Espanha. Em Espanha, aliás, não conhecemos qualquer representação deste passo da vida do santo. No caso particular desta notável obra fresquista o que mais concorre para a sua qualidade, além da qualidade do desenho é, como se disse, a precocidade da cenografia retabular ‘ao antigo’, segundo os preceitos do renascimento italiano. Por isso, talvez seja de admitir que a encomenda proceda da corte por intermédio de alguma figura com interesses senhoriais naquele território, e que a pintura se deva a algum bom pintor de Lisboa, acaso estrangeiro.

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