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Diego de la Zarza, mestre escultor-entalhador espanhol a trabalhar em Portugal. Grada 149. Francisco Bilou

Diego de la Zarza, mestre escultor-entalhador espanhol a trabalhar em Portugal. Grada 149. Francisco Bilou
Foto: Cedida
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Diego de la Zarza, ou Diogo de Çarça (ou Carça) no aportuguesamento quinhentista do seu nome, foi um qualificado mestre marceneiro que também exerceu a arte escultórica com assinalável qualidade de cinzel.

De nacionalidade espanhola, ainda que de duvidosa origem geográfica (Zarza de Ávila?), deve ser o mesmo artista que se documenta como sobrinho do conhecido escultor Vasco de la Zarza, como há muito revelou María Jesús Ruiz-Ayúcar (1998).

Por esta historiadora de Arte se sabe que o marceneiro-escultor hispano-português casou em 1528, tendo batizado uma filha no ano seguinte. Todavia, por razões ainda não apuradas, Diego de la Zarza vem trabalhar para Portugal onde já se documenta ao serviço de boa clientela local na cidade de Santarém, em 1542. Na capital ribatejana, o mestre espanhol trabalha sobretudo como escultor-imaginário, possivelmente com oficina própria na cidade, pois assim o indicia a presença de Pedro de Zarza seu sobrinho, de Alonso de Zarza seu primo e um possível criado de nome Juan Baptista, todos espanhóis.

Residindo em Santarém é bem provável que Diego de la Zarza trabalhe com regularidade para a família real portuguesa, em especial para Dona Catarina de Áustria, dada a sua presença assídua no vizinho Paço de Almeirim. Deve ser, aliás, este vínculo laboral que explica as obras do arco-mor de Santo Estevão do Milagre (Santarém), entre os anos de 1540 a 1548 (no qual figuram bustos idealizados do casal real), bem como do cadeiral, facistol e retábulo dos altares do coro do mosteiro de Santa Maria de Belém (Lisboa), tudo empreitadas patrocinadas pela Coroa. A sublinhar este vínculo com a família real portuguesa, conhece-se a notícia de uma obra de marcenaria (mesa e escritórios) que Diego faz para a Rainha Dona Catarina, em 1553, bem como um São José em madeira a pedido da mesma senhora pouco tempo depois (1555).

Se todo este conhecimento sobre o artista hispano-português se deve em boa medida ao historiador Pedro Flor, sabemos agora por pesquisas nossas que Diego de la Zarza permanece em Santarém toda a década seguinte ao serviço da comunidade monástica de Santa Clara, produzindo diversas obras de marcenaria e pedraria no interior da igreja. Para o retábulo-mor o mestre espanhol fez a marcenaria do tríptico que Diogo de Contreiras pinta em 1553, bem como a “grade de pau” fronteira ao altar. Além disso, fez dois portais, um deles ainda subsistente na face sul do corpo da igreja, obra totalmente desornamentada, mas perfeitamente compatível com a década de 50 do século XVI; consertou e guarneceu o telhado e “repicou” toda a pedraria do templo, decerto para a limpar de pinturas antigas de que restam, aliás, vestígios. Por toda essa obra, Diego de la Zarza levou 617.000 réis, valor que a viúva, Brizida Rodrigues, reclamará em 1560, logo após a morte do marido, a respetiva liquidação, ainda que sem o sucesso esperado.

Para se ter em conta do real valor deste artista de origem espanhola, concorrendo no tempo (mas não no espaço) com outros oficiais de prestígio, nomeadamente os franceses Nicolau Chanterene, Francisco de Loreto e João de Ruão, nesta “sentença de quitação” de 1560 se diz que Diogo de Çarça era o “milhor oficial que avia neste Reyno”.

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