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Luís de Mesquita Pimentel e a presença de Filipe II em Elvas (1580-81). Grada 165. Francisco Bilou

Luís de Mesquita Pimentel e a presença de Filipe II em Elvas (1580-81). Grada 165. Francisco Bilou
Palacio Mesquida Pimentel. Foto: Cedida
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Durante quase três meses, entre 5 de dezembro de 1580 e 28 de fevereiro do ano seguinte, o rei Filipe II (1527-1598) permaneceu em Elvas, fazendo temporariamente desta pequena cidade fronteiriça uma inesperada capital ibérica de escala global.

Antes da chegada do séquito real a Elvas, já o arquiteto régio Juan de Herrera (1530-1597), então na qualidade de aposentador-mor, havia escolhido entre as melhores casas nobres da cidade a mais apropriada aos exigentes cómodos de Sua Majestade.

A escolha desse ‘palácio’, como lhe chamou o cronista da viagem Isidro Velasquez, acabou por recair no paço urbano de Luís de Mesquita Pimentel, prova insofismável do alto estatuto social deste ainda jovem fidalgo português à entrada do período filipino.

Dizemo-lo jovem pois sabemos que casou em 1579 e faleceu em 1621, datas que nos permitem fixar a data de nascimento pelos anos de 1555 a 1560.

Filho de Maria de Sequeira e Fernão de Mesquita Pimental, fidalgo da casa real de D. João III, de quem recebeu carta de brasão em 1529, Luís de Mesquita Pimentel e sua esposa Branca de Sá eram senhores de um vasto património fundiário, cuja cabeça era a casa nobre de morada que deitava para o terreiro e porta principal da igreja conventual das Domínicas de Elvas, hoje Largo de Santa Clara, onde se encontra a réplica manuelina do pelourinho.

Este vasto conjunto arquitetónico, embora muito alterado com o passar dos séculos, ainda hoje preserva alguns volumes térreos originais, bem como o antigo pátio de recebimento, este sinalizado no portal com as armas familiares do tempo de Fernão de Mesquita Pimentel, uma notável peça renascentista afim da obra do pedreiro-imaginário Pero Gomes de Estremoz.

Ainda que o cronista da viagem se mostre parco na descrição do palácio onde se acomodou o Invictissimo Rey de las Españas, não restam dúvidas de que o mesmo só pode ter sido o dos Mesquita Pimentel.

Com efeito, ao recordar o recebimento feito na novel sé de Elvas, e depois das solenidades litúrgicas acostumadas, o cronista refere que “salio su Magestad por outra puerta de tres que tiene esta iglesia, por ser alli junto el palacio, donde se apeo”; para logo de seguida voltar a enfatizar esta mesma proximidade: “por ser la iglesia un passo del palacio, donde continuò su Magestad oyr sempre missa, quando salia publico, que solas dos vezes faltò, una que visito el monesterio de Sãcto Domingo, orden Dominicana, y outra al delas monjas, que desta orden tiene la ciudad una fresquita casa, que lo es mucho modelo de su capilla” (Velázquez, Isidro. ‘La entrada que en el Reino de Portvgal hizo La S.C.R.M. de Don Philippe, Invictissimo Rey de las Españas, segundo deste nombre, primero de Portugal’ (…), Lisboa, Manuel de Lira, 1583, fl. 71v).

Luís de Mesquita Pimentel, que teve pelos menos três filhos, Gonçalo (nascido em 1571), Joana (nascida em 1573) e Maria (nascida em 1586), foi o patrono da capela-mor do mosteiro de São Domingos de Elvas, cujo retábulo, por si patrocinado, perdurou até ao século XX, obra do entalhador-imaginário portalegrense Gaspar Coelho (que viveu e trabalhou em Badajoz e a quem o célebre pintor Luís de Morales e esposa lhe apadrinharam uma filha) e do pintor italianizado, natural de Alcácer-do-Sal, Simão Rodrigues.

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