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André Francisco, de Estremoz, trabalhou para o Bispo de Coria no início do século XVII. Grada 147. Francisco Bilou

André Francisco, de Estremoz, trabalhou para o Bispo de Coria no início do século XVII. Grada 147. Francisco Bilou
Foto: Cedida
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Na igreja paroquial de San Nicolás, em Plasencia, junto ao presbitério e do lado do Evangelho encontra-se o monumento sepulcral do Bispo de Cória, D. Pedro de Carvajal Girón (?-1621). Trata-se de uma bela obra em mármore de Estremoz, ao modo de arcossólio, com a representação em vulto do titular, escultura muito geometrizada, mas graciosa e de bom talhe, que se deve ao cinzel do pedreiro-escultor estremocense André Francisco, entre os anos de 1613 a 1615.

Esta obra escultórica de André Francisco feita em Plasencia apresenta uma estrutura clássica bastante verticalizada nascida sobre dois modilhões decorados com motivos leoninos em deferência às armas do titular. Sustenta a estrutura arquitetónica duas pilastras de caneluras embastonadas a 1/3 conforme a regra, de base e molduração toscana, rematada por frontão curvo interrompido, ao centro do qual se reproduzem as insígnias eclesiásticas e familiares do titular. Sob o arco de meio ponto, cujo intradorso é decorado com motivos geométricos e florões, donde sobressaem elementos piramidais de tipo ‘ponta de diamante’, destaca-se um grande tondo decorado axialmente pela cruz do calvário envolta por três círculos concêntricos. O fundo do arco é totalmente desornamentado para não perturbar o recorte da imagem orante do bispo, que enverga pontifical, ajoelhado sobre duas almofadas em oração, ao modo renascentista, ante um reclinatório sobre o qual figura um livro aberto e a mitra bispal. Imediatamente abaixo da imagem orante do bispo, uma boa cartela maneirista com o escudo episcopal, ladeada por dois ‘putti’ tenentes, graciosos e bom talhe anatómico.

Quanto à escultura propriamente dita, realce-se o seu carácter geometrizante e pouco detalhado, ao contrário dos elementos carnais (rosto e mãos) de acentuado vigor naturalista, talvez mesmo realizados a partir de debuxos ‘de visu’. A qualidade plástica do rosto do bispo bem pode integrar-se nos compêndios portugueses da arte escultórica protobarroca.

O único documento que conseguimos apurar dá André Francisco como testemunha no casamento de Manuel Carvalho com Isabel de Coimbra, cerimónia realizada na igreja paroquial de Santo André de Estremoz, a 14 de janeiro de 1607. É aliás tentador pensar-se que o seu nome provem justamente do nome do santo titular da paróquia de batismo, como era prática comum, ainda que até ao momento nada se tenha apurado nesse sentido.

Independentemente da fortuna crítica deste desconhecido mestre-escultor de Estremoz a trabalhar na Extremadura espanhola no início do século XVII, este documento histórico vem reforçar os laços laborais que sempre existiram entre os dois lados da fronteira.

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