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O uso excessivo do telemóvel e o impacto no desenvolvimento motor. A atividade física como ferramenta de superação

O uso excessivo do telemóvel e o impacto no desenvolvimento motor. A atividade física como ferramenta de superação
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O uso excessivo de telemóveis transformou-se num dos maiores desafios do século XXI, especialmente nas crianças e jovens. Embora a tecnologia tenha proporcionado avanços notáveis, a dependência crescente dos dispositivos móveis gerou preocupações profundas no âmbito da saúde física, mental e social.

Este problema é particularmente relevante numa altura em que as novas gerações enfrentam défices preocupantes no desenvolvimento motor, na interação social e na gestão emocional. A prática de atividade física ou desporto emerge como uma solução poderosa, oferecendo benefícios que vão muito além do físico, promovendo a superação pessoal, a saúde mental e a libertação de hormonas que proporcionam bem-estar duradouro, superando os efeitos temporários do prazer digital.

O telemóvel deixou de ser apenas uma ferramenta de comunicação para se tornar uma parte integral da vida diária. Alguns estudos indicam que crianças e jovens passam, em média, várias horas por dia em frente a um ecrã, o que substitui atividades essenciais ao seu desenvolvimento, como brincar ao ar livre, praticar desporto e socializar presencialmente.

O uso prolongado dos dispositivos móveis está associado à libertação de dopamina, uma hormona que cria uma sensação de prazer momentâneo. No entanto, este prazer é efémero e, frequentemente, leva ao desenvolvimento de dependência tecnológica. Para além disso, o impacto na saúde física é preocupante. O tempo excessivo passado em posturas inadequadas, como inclinar a cabeça para olhar para o telemóvel, pode causar problemas na coluna vertebral, fadiga muscular e dores crónicas. Em crianças e jovens, estas posturas afetam o alinhamento postural, uma base fundamental para o desenvolvimento motor saudável.

O movimento desempenha um papel vital no crescimento e no desenvolvimento de crianças e jovens. A atividade física regular é essencial para a coordenação motora, equilíbrio, força muscular e resistência cardiovascular. No entanto, com o aumento do tempo de ecrã, muitas crianças estão a perder oportunidades de explorar estas habilidades fundamentais, o que compromete não apenas o seu desenvolvimento motor, mas também a sua autoconfiança e capacidade de enfrentar desafios físicos.

A ausência de movimento também tem consequências psicológicas. Alguns estudos mostram que crianças e jovens que não praticam atividade física regular são mais propensos a sofrer de ansiedade, depressão e baixa autoestima. A falta de envolvimento em atividades dinâmicas reduz a capacidade de lidar com frustrações e de criar relações sociais significativas, agravando os problemas causados pelo isolamento digital.

O desporto apresenta-se como uma solução completa e acessível para mitigar os efeitos nocivos do uso excessivo de telemóveis. Ao contrário da estimulação digital, que oferece prazeres rápidos, mas transitórios, o exercício físico promove uma libertação sustentável de endorfinas, serotonina e dopamina (hormonas que geram sensações de felicidade, bem-estar e satisfação pessoal). Estes benefícios são particularmente significativos em crianças e jovens, ajudando-os a regular as emoções, melhorar o humor e reduzir os níveis de stress.

Praticar desporto regularmente oferece também uma oportunidade de desenvolver competências motoras e sociais. Desportos de equipa, jogos ao ar livre e até simples caminhadas em família permitem às crianças experimentar o movimento de forma natural e divertida. A atividade física fomenta a resiliência, ensinando a lidar com desafios, a superar limites e a trabalhar em equipa (capacidades que são transferíveis para outras áreas da vida).

Para além dos benefícios individuais, a promoção da atividade física entre crianças e jovens tem implicações sociais importantes. A inatividade física está associada a um aumento dos custos de saúde pública devido à prevalência de doenças como obesidade, diabetes tipo 2 e problemas cardiovasculares. Por outro lado, incentivar estilos de vida ativos desde cedo contribui para a formação de cidadãos mais saudáveis, produtivos e integrados.

A atividade física também desempenha um papel crucial na construção de comunidades mais unidas. Quando crianças e jovens participam em atividades coletivas, como desportos comunitários ou eventos recreativos, desenvolvem um sentido de pertença e empatia pelos outros. Estas experiências são fundamentais para combater o isolamento causado pela dependência dos telemóveis e para restaurar as interações humanas genuínas.

Reduzir o tempo de ecrã e incentivar a atividade física exige um esforço conjunto de pais, educadores e decisores políticos. Estabelecer limites claros para o uso de telemóveis, como criar horários específicos para o uso de dispositivos móveis, especialmente antes de dormir, é essencial para equilibrar as atividades diárias. Além disso, criar rotinas familiares ativas, incluindo passeios, jogos ao ar livre e atividades recreativas em família, pode substituir eficazmente o tempo de ecrã por momentos de interação física e emocional.

As escolas desempenham um papel crucial neste processo, devendo incluir a educação física nos currículos escolares garantindo que a mesma seja acessível e atrativa para todos os alunos. Paralelamente, incentivar a participação em desportos comunitários, através de clubes e associações desportivas, oferece ambientes seguros e estimulantes para que crianças e jovens explorem o movimento e construam relações sociais. Por fim, é fundamental educar os pais (e os alunos) sobre os benefícios da atividade física, sensibilizando-os para os efeitos positivos do movimento na saúde física e mental, ajudando a criar uma cultura de valorização do exercício físico na tentativa da redução da dependência tecnológica.

O uso excessivo do telemóvel é um problema complexo, mas não insuperável. A atividade física surge como uma solução eficaz para combater os efeitos nocivos do tempo de ecrã, promovendo o desenvolvimento motor, a saúde mental e o bem-estar social. Ao substituir a dependência tecnológica pelo movimento, as crianças e jovens ganham a oportunidade de se ‘reconectarem’ com o mundo real, descobrirem o seu potencial e construírem uma vida mais saudável e equilibrada.

As famílias, escolas e comunidades têm a responsabilidade de criar ambientes que incentivem o movimento e a interação humana. Este esforço conjunto pode transformar a forma como encaramos o desenvolvimento das novas gerações, promovendo uma sociedade mais ativa, resiliente e feliz. Afinal, o prazer duradouro e as aprendizagens significativas que advêm da prática de atividade física são insubstituíveis e muito superiores às sensações momentâneas proporcionadas pelos ecrãs.

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